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Seção de Desenho e Fotografia

DA FACULDADE DE MEDICINA

A Seção de Desenho e Fotografia foi criada na Faculdade de Medicina em 1932, mesmo ano em que foi inaugurado o novo edifício da Avenida Dr. Arnaldo.

 A Seção de Desenho e Fotografia foi criada na Faculdade de Medicina em 1932, mesmo ano em que foi inaugurado o novo edifício da Avenida Dr. Arnaldo, sede atual da FMUSP. Em poucos anos, Lilly consolidou um lugar de trabalho prestigiado como principal desenhista e microfotógrafa da Seção e seus desenhos acompanhavam regularmente trabalhos publicados nos Annaes da Faculdade de Medicina de São Paulo, principal publicação científica da instituição.

Foi em um contexto de reorganização da Faculdade, dos seus conceitos de formação e de pesquisa, de ênfase nas Cadeiras básicas, incluindo Microbiologia e Parasitologia, de apoio ao trabalho nos laboratórios e aulas práticas e de valorização de professores que fossem também pesquisadores, que Lilly foi contratada em 1926. Em parte, esta mudança foi consequência de acordos com a Fundação Rockefeller, dos Estados Unidos, “não só pela definição do modelo de ensino e pesquisa ali implantado, como em relação à sua infraestrutura física e laboratorial. Nesse período, a escola concebeu e executou, com recursos da Fundação e sob sua orientação, a construção de um dos mais modernos centros de ensino médico da época. Essa presença possibilitou à Faculdade estabelecer um diálogo mais efetivo com a produção científica internacional, ao mesmo tempo em que propiciou à comunidade acadêmica redesenhar sua identidade e projetar-se como uma escola de vanguarda”, escreveu o historiador André Mota. [1]

Em um período de apenas cinco anos, entre 1926 e 1930, foram publicadas ilustrações e fotomicrografias de Lilly em um total de 22 artigos nos Annaes da Faculdade de Medicina de São Paulo, em trabalhos dos professores Alfonso Bovero, Renato Locchi, Carmo Lordy, Luiz Tinoco Cabral, Jarbas Barbosa de Barros, Ernesto de Souza Campos, Floriano Paulo de Almeida, Juvenal Ricardo Meyer, M. Amorim, J. Oria, Cunha Motta, M. Barros Erhart, Paulo Sawaya, Odorico Machado de Souza, H. Cerruti, Paulo Q. T. Tibiriça. Ela ilustrava para as mais diversas Cadeiras e áreas do conhecimento da Faculdade, incluindo Anatomia Descritiva e Topográfica, Anatomia Patológica, Parasitologia, Microbiologia, Embriologia, Histologia, Técnica Cirúrgica e Clínica Cirúrgica.

As ilustrações de Lilly estão presentes também nas teses apresentadas na Faculdade de Medicina, entre elas as de Heitor Chiarello, Jarbas de Barros, Mauricio Lemos Pereira Lima, Edmundo Vasconcellos, José Oria, Odorico Machado de Souza (de quem ilustrará também a Livre-Docência em 1955), Antonio Godoy M. Costa Sobrinho, Ernesto Pereira Lopes, João de Deus Bueno Reis, Clemente Pereira, Reynaldo Neves de Figueiredo, Levant Pires Ferraz, Oswaldo Záccaro, Orlando de Souza Nazareth, Olavo Marcondes Calasans, Paulo Sawaya e Walter Edgard Maffei.

As duas primeiras fotomicrografias (ou microfotografias) publicadas, que foi possível localizar, estão no artigo “Em Torno de um Caso de Cystodermoma do Ovário” de José Oria, em 1927, na Revista de Medicina, do Centro Oswaldo Cruz da Faculdade de Medicina e Cirurgia de S. Paulo, revista começou a ser publicada em 1916. [2]

[1] Mota, André, Tropeços da Medicina Bandeirante. Medicina Paulista entre 1892 e 1920. S.P, Edusp, p. 70.
[2] Revista de Medicina, do Centro Oswaldo Cruz da Faculdade de Medicina e Cirurgia de S. Paulo, 1927 – 4º trimestre – ano XII - nº 49.

Lilly Ebstein Lowenstein (1897-1966) viveu entre a ciência e a arte, desenhando e realizando fotografias nos campos da medicina e da zoologia. Em seu trabalho, Lilly conjugava o conhecimento técnico da fotografia e do desenho, o estudo das ciências e um notável talento estético. Nascida na Alemanha, ela estudou na Escola Lette-Verein em Berlim entre 1911 e 1914. Em 1925 imigrou com o marido e dois filhos para São Paulo. Em 1926, tornou-se desenhista e fotomicrógrafa da Seção de Desenho e Fotografia na Faculdade de Medicina (USP, a partir de 1934), da qual seria chefe por trinta anos a partir 1932. Entre 1930 e 1935 Lilly foi colaboradora do Instituto Biológico de Defesa Agrícola e Animal, principalmente da sua Seção de Ornitopatologia. Uma vida com arte dedicada à pesquisa e difusão da ciência.